A mediunidade na umbanda

Este texto apresenta uma reflexão profunda sobre a mediunidade na Umbanda, explicando sua verdadeira função como ferramenta de aprendizado, serviço e evolução espiritual. Aborda a importância do respeito às entidades, a responsabilidade dos médiuns dentro e fora dos terreiros, os diferentes tipos de mediunidade e as classificações dos médiuns. Com linguagem clara e acessível, o texto reforça valores como humildade, compromisso e amor no caminho mediúnico.

Tufac

6/18/20253 min read

A mediunidade vai muito além do simples fato de receber vibrações e influências de uma entidade do plano espiritual. Ela representa um aprendizado adquirido por meio da convivência com esses seres iluminados. Esse aprendizado deve ser aplicado na vida cotidiana com amor, tolerância e boa vontade.

A simbiose, ou seja, a união entre dois seres em dimensões diferentes, permite a realização de trabalhos de caridade tanto no plano espiritual quanto no material. Por isso, os médiuns não devem esperar que apenas as entidades realizem todo o trabalho. Eles também têm o dever de servir aos menos favorecidos, sendo representantes dos seus irmãos desencarnados aqui na Terra.

Ao longo da vida, as entidades, por meio dos canais mediúnicos, orientam seus protegidos sobre como lidar com os desafios da existência. Elas motivam e ensinam o caminho da evolução espiritual, mas jamais interferem no livre-arbítrio. Cada pessoa tem o direito de escolher seu destino, e cabe ao médium ouvir ou não os conselhos recebidos. Caso o caminho escolhido se desvie daquele que foi planejado antes do nascimento, o mentor espiritual observa com paciência. No momento certo, intervém com firmeza, mas sempre com amor e respeito, como um pai que orienta um filho, ajudando-o a não desperdiçar a chance de evoluir espiritualmente.

Se mesmo assim o médium persistir no erro, a entidade se afasta e permite que ele enfrente as consequências por conta própria, até que desperte para a necessidade de recomeçar o aprendizado deixado para trás.

Todo médium deve cultivar profundo respeito por seu mentor espiritual. Antes de retornar à vida terrena, ele mesmo pediu ajuda divina para não repetir os erros do passado e teve a bênção de receber o acompanhamento de uma entidade mais experiente. Por misericórdia, essas entidades aceitaram a missão de acompanhar o médium desde os primeiros instantes da vida até o momento de sua partida.

Infelizmente, muitos médiuns tratam suas entidades como se fossem propriedades pessoais ou seres inferiores. Expressões como "minha entidade" ou "eu vou trabalhar" deveriam ser substituídas por formas mais respeitosas e condizentes com a realidade, como "a entidade que me assiste" ou "vou ceder meu corpo".

A pontualidade também é fundamental. As entidades são ocupadas e não podem estar disponíveis a qualquer momento. Nos trabalhos mediúnicos, elas utilizam a energia do médium, o que exige que ele esteja equilibrado física e psicologicamente. Banhos, defumações e oferendas ajudam a manter essa harmonia e a garantir a força necessária para os atendimentos espirituais. Por isso se afirma que entidade e médium trabalham juntos.

A prática mediúnica não deve se limitar ao templo ou terreiro. O médium deve continuar sua missão no dia a dia, sendo atencioso e solidário com quem passa por dificuldades. Mesmo fora da incorporação, qualquer tipo de ajuda é válida. Às vezes, uma palavra amiga, um sorriso ou um conselho honesto pode ter um efeito profundo.

A incorporação é a forma mais comum de mediunidade na Umbanda. Nesse processo, a entidade se aproxima do médium e atua diretamente sobre seu corpo astral. Ao contrário do que muitos pensam, a entidade não entra no corpo do médium. Ela o comanda por meio de seus fluidos, como se manipulasse um boneco.

Outras formas de mediunidade também se manifestam na Umbanda:

Psicografia: a entidade se expressa por meio da escrita, utilizando a mão do médium.

Clariaudiência: o médium escuta sons vindos do plano espiritual.

Clarividência: a entidade impressiona a visão do médium, permitindo que ele veja imagens de outras dimensões.

Psicometria: por meio do contato com objetos, o médium percebe informações sobre sua origem ou história.

Há ainda formas mais complexas, como a dimensão-mediunidade, que serão abordadas em outra ocasião.

Os médiuns podem ser classificados em três tipos principais:

Probatórios: representam 96% dos casos. São espíritos antigos que, após repetirem os mesmos erros por várias encarnações, pediram auxílio para evoluir. São assistidos por mentores na categoria de Protetores.

Evolutivos: correspondem a 3,5%. São ex-probatórios que alcançaram certo nível de crescimento e decidiram se aprofundar na filosofia umbandista. Costumam ser orientados por Guias.

Missionários: são raríssimos, menos de 0,5%. São espíritos já muito evoluídos, designados pelo plano espiritual para divulgar ou reformular aspectos da doutrina. Esses médiuns também trabalham com Guias e, em exceções extremamente raras, podem incorporar um Orixá Menor.

A mediunidade é, acima de tudo, uma oportunidade de servir, aprender e evoluir. Respeitar esse dom é honrar a espiritualidade e o propósito de estar aqui.